Eu! Matei a Vilã Secundária! Secundária!

Chapter Capítulo 26



Capítulo 26

Noe Serpa segurava o volante com as mãos tremendo um pouco.

A pergunta de uma criança de cinco anos o deixara sem resposta.

Se ele soubesse… se soubesse que Inês estava grávida, talvez… não a teria mandado para là..

Múltiplas emoções passaram pelos olhos de Noe Serpa, mas ele não as expressou nenhum deles.

Quase imediatamente, eles se dissiparam, desaparecendo quando ele piscou os olhos, e ele continuou sendo o implacável Sr. Noe, determinado e resoluto, como se nunca tivesse se arrependido de nada na vida. Amado sentava–se obediente no banco traseiro, observando a paisagem que passava rapidamente pela janela, quando de repente perguntou: “Essa não é a estrada de antes…”

Noe Serpa elogiou mentalmente a inteligência do menino, que já tinha memorizado o caminho em apenas alguns dias. Então, limpou a garganta e disse: “É o caminho para o hospital.”

“Hospital?”

Amado era jovem, mas astuto, e perguntou com cautela: “Minha mãe está com algum problema?”

Droga, esse moleque é tão esperto, ser pai é uma pressão e tanto!

No entanto, Noe Serpa logo pensou que isso era resultado de seus bons genes, e sentiu–se orgulhoso por ter um filho tão inteligente.

Quando chegaram ao hospital, Noe Serpa se agachou para arrumar as roupas de Amado, e era nesses momentos que o menino sentia que Noe Serpa era seu pai, embora tudo que ele fazia era para manter as aparências.

Quando Noe Serpa se aproximou, Amado não pôde deixar de olhá–lo mais um pouco. Afinal, para uma criança de cinco anos, enfrentar o próprio pai ainda trazia uma doçura interna.

Mas… seu pai estava sendo uma deceção tão grande. Talvez, se ele se comportasse bem no futuro, poderia ajudar Noe Serpa a reconquistar sua mãe.

“Noe Serpa disse: “Sua mãe tem depressão. Você sabia?” Ele não queria tocar nesses assuntos pesados na frente de Amado, mas ao lembrar que o menino era maduro para a idade, decidiu ser direto: “Ela não está bem, e eu espero que você possa… confortá–la.”

“Foi você quem deixou minha mãe assim?” Amado olhou para cima, e, como esperado, o garoto olhava fixamente sem surpresa. Parecia que ele sabia da depressão da mãe. Uma aceitação tão cruel para uma idade tão tenra…

“Não… eu nunca quis… irritá–la…“Noe Serpa sempre se sentia impotente diante de Amado, com seus olhos que pareciam ver tudo, claros e puros, fazendo–o sentir–se sujo demais para

olhá–lo nos olhos.

“Eu entendo…”

Amado suspirou: “Não te culpo. A depressão da minha mãe é realmente séria. Na maioria das vezes está tudo bem, mas quando se trata de algo relacionado a você, ela fica assim.”

“Quando se trata de algo relacionado a você.”

Noe Serpa sentiu uma pontada no coração. Para Inês, ele se tornou um monstro… Ela estava com tanto medo de qualquer coisa relacionada a ele…

Amado passou a mochila que estava em seu ombro para Noe Serpa: “Papai, você pode segurar isso para mim? Vou subir para ver minha mãe.”

Quando ele chamou Noe Serpa de “papai“, o homem sentiu um pequeno conforto. Talvez, aos poucos, Amado pudesse aceitá–lo…

Antes, Noe Serpa nunca teria imaginado ter tanta paciência e tolerância com uma criança, mesmo que a mãe fosse uma criminosa que ele desprezava, ele ainda poderia aceitar o filho deles.

Os pecados dos adultos não deveriam recair sobre as crianças… Os olhos de Amado eram tão inocentes que ele não tinha coragem de machucá–lo..

Noe Serpa o levou até a porta do quarto de Inês, e então, pai e filho se olharam, duas faces incrivelmente parecidas, acenaram com a cabeça uma para a outra.

Naquele momento, o propósito de pai e filho estava perfeitamente alinhado – Amado abriu a porta e viu Inês, que descansava na cama do hospital.

“Mamãe…”

Ele a chamou hesitante e viu Inês virar o rosto, sua expressão pálida marcada pela doença, mas ao ver Amado, seus olhos brilharam de maneira surpreendente.

“Amado!”

Inês parecia quase chorar. “O que você está fazendo aqui?”

A voz de Amado estava um pouco embargada. “Mãe, você está se sentindo mal de novo?”

Sentir–se mal era uma referência à recorrência de sua depressão.

Inês sorriu com esforço. “Desculpe… a Mamãe assustou você de novo?”

“Não… Amado se aproximou, tirou os sapatos e subiu na cama, encolhendo–se nos braços de Inês.

Sua mãe era magra, mas ainda assim o abraçava com mãos que não eram quentes.

“Mãe, da próxima vez não vai acontecer… Amado, é bom você ter voltado… ter voltado é bom…”

“Mamãe, foi o papai que me trouxe. Vocês brigaram?”

“Não…” Inês segurou a mão de Amado com tremores, em uma voz que soava quase inútil. “Não… ele não é seu pai… não é…”

Como se a ponto de chorar, Inês repetia para si mesma, numa tentativa de autoconvencimento, mas ainda assim incapaz de negar aquela realidade.


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